Questões 'polêmicas' devem ficar fora da prova do Enem, diz Inep
Em: 28 Oct 2019 10h11
Questões 'polêmicas' não foram apagadas do acervo, mas devem ficar fora da prova do Enem, diz Inep.
O órgão responsável por elaborar a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) informou, via Lei de Acesso à Informação (LAI), que questões consideradas polêmicas ou de cunho ideológico não foram apagadas do seu acervo, mas que houve recomendação expressa para que não fossem usadas na elaboração da prova deste ano.
No próximo domingo (3), o Enem 2019 terá seu primeiro dia de prova, que será também a estreia da gestão do presidente Jair Bolsonaro na condução do exame.
Neste ano, por orientação de Bolsonaro, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia ligada ao Ministério da Educação (MEC) criou uma comissão externa para analisar as questões do Enem.
Segundo fontes ouvidas pelo G1, três pessoas designadas pelo Inep passaram cerca de duas semanas fazendo uma varredura de todas as questões do Banco Nacional de Itens (BNI), o sistema que guarda todas as questões que podem cair no Enem.
À época, os membros da comissão foram indicados pelo então ministro Ricardo Vélez Rodríguez e pelo então presidente do Inep Marcus Vinicius Rodrigues. Via Lei de Acesso à Informação (LAI), o Inep informou que a escolha buscou "perfis de profissionais com experiência em docência e com formação acadêmica stricto sensu na área de ciências humanas".
O objetivo, segundo a portaria que instituiu a comissão, foi analisar as questões prontas para serem usadas em futuras edições do Enem para "verificar a sua pertinência com a realidade social, de modo a assegurar um perfil consensual do exame".
Metodologia do Enem foi mantida
O número total de itens do BNI também não é divulgado oficialmente, mas fontes afirmam que ele ainda não tem um volume suficiente para, por exemplo, realizar duas edições regulares do Enem por ano. Mas, mesmo após o "isolamento" dos "itens em quarentena", foi possível obter no sistema questões suficientes para montar a edição regular de 2019, que acontece entre 3 e 10 de novembro, a edição para pessoas privadas de liberdade, que será aplicada em 10 e 11 de dezembro, e uma terceira versão das provas, que fica de reserva, caso alguma emergência exija mais uma aplicação do Enem.
Por isso, a metodologia da Teoria Resposta ao Item (TRI) usada no exame não foi prejudicada pelo trabalho da comissão.
Pela TRI, usada em avaliações com milhões de participantes para evitar um grande número de empates, a pontuação de cada candidato é definida não pelo número de acertos, mas pelo tipo de questões que ele acertou e errou.
Orientação do presidente
A comissão externa – um instrumento que já era previsto em regulamentos do Inep e que costuma ser usado principalmente para a revisão de questões sobre conhecimentos que passaram por reformulações recentes – foi a solução encontrada pela primeira equipe montada pelo novo governo federal para atender à solicitação do presidente de excluir questões polêmicas da prova.
Pouco depois de ser eleito, Bolsonaro chegou a dizer que seu governo "tomaria conhecimento" da prova antes de o Enem ser impresso.
Mas a expectativa sobre se ele veria ou não a prova antes de ela ser aplicada aos candidatos foi derrubada em maio deste ano, quando o então presidente do Inep, Elmer Coelho Vicenzi, disse que "não foi pedido ao Inep, por nenhuma autoridade superior ao presidente do Inep – ministro da Educação ou o próprio presidente [Bolsonaro]– para ler a prova".
Ex-ministros da Educação e ex-presidentes do Inep explicam que escolheram não ter acesso antecipado às provas do Enem. Um dos motivos é o fato de que, antes de ver as questões, é preciso assinar um documento declarando não ter parentes próximos inscritos no exame, e todas as pessoas que tiverem acesso se tornam possíveis suspeitos de investigação, caso haja algum vazamento ou fraude no Enem.
Fonte: G1
Barbara Akemi
Jornalista do grupo Cristal de Rádios, Barbara Akemi dedica-se a levar aos nossos ouvintes e internautas, os principais acontecimentos da nossa região. MTB 84984/SP